quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Uso do Qualquer

Som pra acomodar e incomodar
cor pra agredir, pra acalmar
O uso de um qualquer pra alertar ou enganar
Sirene pro socorro ou despistar
Transporte pra fugir ou perseguir
Lente pra deformar ou corrigir
O uso que um qualquer faz de um qualquer (sem moderar)
pode qualquer sujeito, ou objeto
(des)qualificar

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dosagem

O importante é a dosagem.
Do fantástico ao decepcionante...
a dosagem!
Do bom humor à agressividade..
a dosagem!
Dosagem de que não sei, mas de tudo um pouco
Tudo é composto por doses das coisas mais variadas
e muitas doses de umas, com poucas doses de outras... pode causar um estrago!
Pena não poder medir em litro, kg, metro ou decibel..
E é fatal,
porque não existe balança para a dosagem de atitudes ou falas
só se sabe que o peso é muito quando já não se pode carregá-lo

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Improvável

O Homem - ou o que já havia dele - evolui para Homo sapiens sapiens! Atenção para o ''sapiens''. E então, todos os que se incluem nessa espécie concordam com um modo de vida: a civilização. Não.
Nem todos concordam. ''Quase todos então..'' - nos é sugerido - pois quantos são os que vivem fora dela? Pergunte a uma pessoa se ela sabe o que é civilização (ou sinônimo).  
Acredito,então, que a pessoa:


1. saberá e responderá
2. não saberá, mas responderá logo que lhe for explicado em sua lingua nativa
3. saberá o que é, mas não terá condições de fornecer sinônimo ou explicação precisa
4. não saberá reconhecer, mas terá conhecido
5. não entenderá o termo em nenhuma língua
6. não entenderá em nenhuma língua  porque o termo não pode ter significado já que para o sujeito inexiste


Os 5 primeiros casos ainda situam o sujeito no ambiente ''civilização''. O que difere o sujeito de um caso do de outro é a nacionalidade, a escolaridade (se houver), o modo de vida.. Mas ainda sim, todos estão contidos num mesmo padrão, mesmo que nele alguns se encontrem à margem. E se se encontram à margem supõe-se que lhes é difícil desenrolar o nó e partir para algo que não os sufoque. Mas e quanto aos outros, tirando essa parcela à margem e a pequena parcela que por algum motivo (e possivelmente por tradição ou acaso) está representada pelo sexto ítem? Os demais concordam com o que temos?
Parece improvável.
Homens sapiens sapiens num consenso de bilhões?!

Waking Life!

Aaaa! Um amigo que leu o blog me indicou este filme: ''Waking Life'', pelo fato de um dos meus posts o lembrar de uma das cenas. Incrível como me identifiquei com a linha de pensamento da personagem. É uma mulher que fala ao protagonista sobre o fato de ser essa ligação entre os pensamentos, à qual me referi em alguns posts, o que procuramos a vida toda. Enfim, a cena merece ser assistida. Não só ela mas o filme todo. Não vou mencionar as outras porque quero que as vejam. É até estranho saber que nunca vi o filme antes porque me sinto totalmente influenciada por ele.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um Outro Caminho

Diversos fatores podem nos desmotivar e cair sobre nós como um aglomerado. E esses fatores distintos, mesmo quando somados, podem ser notados independentemente, ainda que não sejamos capazes de apontá-los com precisão. Temos sempre indícios, não necessariamente factuais, feitos de lógica, mas também sensitivos. Somos capazes de notar o que compõe essa desmotivação não só pelo raciocínio e pelo autoconhecimento de nossos gostos, opniões, valores, etc. Acredito que seja possível um outro caminho, o de se dar conta da desmotivação através da constatação de um estado nosso, não físico o suficiente para revelar-se a outros com clareza médica nem subjetivo o suficiente para dizermos que não os sentimos com o corpo. Façamos um teste: diante da próxima sensação forte que tivermos, que parecer atingir o corpo interiormente e gerar questionamentos de outros como: o que você tem? Voltemo-nos para nossa própria sensação antes de buscar motivos para elas e achemos os motivos nelas, ao invés de encaixarmo-nas nos motivos por nós pressupostos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Auto-afirmação

Se você fosse uma ameixa, sairia dizendo que é?
Parece não haver necessidade.
Se eu estivesse na feira e a ameixa dissesse '' Olha, eu sei que sou ameixa '' não a compraria. Ficaria desconfiada. Levaria a vizinha ou mesmo um pêssego.
A gente sabe quando uma ameixa é ameixa. E até pode não identificar, mas isso ainda a faria mais ameixa do que quando ela se auto-legenda: AMEIXA, Fruta.
As ameixas desejam ser postas na parte das ameixa e não na dos abacaxis. É natural. Mas em certas situações não precisam lembrar que nasceram ameixas, ou que se tornaram com o tempo e que isso as distingue de outras frutas...  As pessoas vão perceber que ela é uma ameixa.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Extremo Além das Extremidades

Às vezes devemos ferir a lógica para nos adequarmos à poesia
tal como infringimos o português para que a letra se encaixe na melodia
Não que rimas devam ordenar conteúdo
mas que nos permitamos construí-las

Ajamos de modo equilibrado, mas sem exageros
Uma dose pequena de desequilíbrio também é moderação

Mas então, ser equilibrado por demais pode fugir à moderação, tal como radicalismos?
É... parece que sim.

Um indivíduo rigidamente equilibrado (o que implica o oposto) pode se equiparar a um hipocondríaco, com a diferença de que o hipocondríaco é visto como excessivamente zeloso. Assim, colocamo-no em um dos extremos. O outro, fazendo a correspondência, pode ser representado por um indivíduo pouco ou nada zeloso com relação à saúde. Alguém que beba com frequencia, ouça música no último volume, se drogue e se alimente mal. No entanto, estaria um indivíduo extremamente equilibrado no centro desse segmento, que possua as duas extremidades mencionadas? Um indivíduo que se alimenta devidamente, tomando as precauções necessárias para manter-se em forma, que beba doses muito bem medidas e que não se drogue, porque isso em pequenas medidas ainda não foi considerado equilibrado, se adequaria perfeitamente à posição de meio de segmento, pensando que essa posição representa a menor tendência a extremos? A primeira vista pode parecer que sim, mas a partir do momento em que esse indivíduo exige de si sempre a medianidade, compromissando-se a alcançá-la, negando-se a fugir dela, torna-se um hipocondríaco. Pense nesse indivíduo que se recusa fugir da medianidade. Precisa dela, de suas condições ideais. Aceita o mediano acreditando piamente em sua eficácia. Mas o mediano assim o é por convenção. Manter-se nesse mediano convencionado pode impedir o questionamento dele próprio. Mas até aí, enquanto podemos concretizá-lo, com exemplificações reais, ele não passa de mediano. Isto é, parece pouco inofensivo. Minha intenção quando digo ''manter-se nesse mediano'' é a de me aproximar de uma pontualidade, a meu ver virtual. Não estou pensando no que julgamos mediano diariamente. E aí meus exemplos são falhos porque não puderam sair do usual. Mas sair completamente, seria abstração. E não consigo escrevê-las puras, apenas cogitá-las, virtualizá-las quando levo meus exemplos a ... extremos!
Retomando, quero dizer que o moderado nunca será pleno, porque fazê-lo pleno é fazê-lo pontual, e fazê-lo pontual é torná-lo rigidamente mediano ou então, mediano ao extremo. Isso mesmo, mediano ao extremo. Desse modo podemos buscar o mediano, mas não creio que seja válido buscá-lo como plenitude. Não quis descrever o indivíduo que bebe regularmente e não fuma como extremista. Ele ainda é moderado. Mas se isso se estende a todo o seu comportamento, rigidamente, se isso se torna meta e se ele age sempre de modo a cumpri-la, não poderá alcançá-la. Paradoxalmente, a busca por essa pontualidade afasta o indivíduo dela.

Sei que fugi completamente ao problema das abstrações, mas já não sei se tudo aquilo faz sentido. Talvez amanhã isso não faça mais.